Nesta última semana, na tribuna da Câmara Federal e ainda em vídeo postado em seu perfil no Instagram, a deputada federal Gisela Simona (UB) cobrou o governo federal que faça a regulamentação dos jogos de apostas permitidos no Brasil, como forma de reduzir os impactos negativos que eles têm causado a milhares de famílias. Ela destaca que o aumento deste vício no país está gerando preocupação, com muitas pessoas caindo em grandes endividamentos.
Pesquisa recente elaborada pelo Instituto Locomotiva, de São Paulo, especializada no conhecimento do consumidor, já mostra que 86% dos apostadores enfrentam problemas financeiros. E que o avanço das tecnologias digitais e a falta de regras nestas apostas tornaram essas atividades mais acessíveis, inclusive, mais atraentes para uma ampla audiência.
Para a parlamentar, como até agora a regulamentação não ocorreu, de fato, há um movimento dentro da Câmara dos Deputados de buscar alternativas para inibir um negócio bilionário, que está esfacelando milhares de famílias, por conta do alto endividamento com as apostas on-line. Jogos que abrangem desde apostas esportivas, cassinos virtuais até os chamados jogos de azar oferecidos por plataformas digitais especializadas, que permitem que os usuários joguem em tempo real, a partir de qualquer lugar com acesso à internet.
"Veja, nós estamos aguardando uma regulamentação por parte do governo federal o que não aconteceu. E, aqui, na Câmara dos Deputados, começa um movimento para se tentar fechar um pouco as portas deste negócio que tem causado prejuízos a muitas famílias. Prejuízos com a questão da saúde mental, prejuízos quanto ao endividamento das famílias e o aumento cada vez maior desse vício", diz Gisela.
Estima-se que o mercado brasileiro seja um dos maiores da América Latina, impulsionado pela combinação de uma base de usuários jovens e a crescente aceitação das apostas como forma de entretenimento. Com crescimento de 281% no tempo de consumo dos jogos no país, computados por meio de levantamentos realizados desde 2019.
Contudo, as consequências das chamadas bets, em especial, os jogos conhecidos como tigrinho, estão causando preocupação às autoridades, após o aumento do endividamento, redução de recursos para compra de itens básicos para a família, até o adoecimento mental e suicídio. Sobretudo, após informação do Banco Central que empresas de apostas receberam R$ 3 bilhões em Pix de beneficiários do Bolsa Família, em agosto deste ano. O valor equivale a 20% do valor total repassado pelo programa.
Para a deputada federal, Gisela Simona, esta constatação aponta para a necessidade de que seja, o quanto antes, proibido o uso do benefício do Bolsa Família para apostas. Pois a Lei que criou o projeto, é bastante específica quanto a sua destinação.
"Um dos projetos que está em andamento aqui, na Câmara, busca proibir a utilização dos recursos do Bolsa Família para jogos no Brasil. Já que dados do Banco Central revelam que em um único mês nós tivemos a transferência de R$ 3 bilhões em Pix para jogos no Brasil, por meio do Bolsa Família. E veja que se nós formos olhar a lei do Bolsa Família, ela é para combater a fome, para combater o ciclo de pobreza no país. Então é, sim, um recurso carimbado, um recurso público com uma destinação específica”, explicou.